terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Sentimentos sem Título...

Só pra esclarecer, esse título é igual ao outro porque faz parte de um pequeno livreto que um dia ainda irei públicar com algumas dessas pequenas passagem de sentimentos momentâneos, cujos títulos não consegui rotular.



Não nego que em murchos sorrisos
É discreto um mar de fé,
Cujos segredos perdidos
Suspiram por um simples cafuné

Ao coração impaciente,
Foi deixada a lembrança descontente
De um momento que nunca existiu
Ou apenas de um futuro que previu.

O que vale é a vontade de realizar
As histórias que parecem distantes em meu olhar,
Mas que provam o amor infinito,

Que cúmplice de meus sentimentos
Voam a ti buscar em todos os momentos
Para mostrar-lhe o que eu sinto.

Rodolfo Magno

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

As aventuras de Osvaldo e seus amigos

Era o Osvaldo um rapaz muito certo, sempre correto no que fazia. Porém chega um dia na vida de uma pessoa, como chega pra qualquer um que encontra no tédio um muro tão alto que faz a cabeça refletir sobre as coisas.
Para Osvaldo aquela rotina já estava no limite. Precisava tomar alguma atitude a fim de mudar o modo como ia levando a vida. Decidiu que no próximo final de semana iria fazer alguma coisa errada. Nada muito errado, apenas algo que não prejudicasse ninguém a não ser a ele mesmo. Quem sabe umas dores de cabeça devido a uma grande ressaca que teria. Era isso! Ele estava certo que faria algo, e por que não começar ingerindo alguns alcoólicos para ganhar mais coragem.
Chegado o sábado, ele vestiu-se da forma que queria e saiu para encontrar com os amigos no bar que haviam combinado. Osvaldo teria compartilhado de suas verdadeiras intenções daquela noite com os companheiros do trabalho se algo na sua consciência não o tivesse impedido. Talvez alguém o ficasse “enchendo o saco” dizendo que ele não era pessoa de fazer besteiras ou coisas imprevisíveis, e isso não era o que sua determinação gostaria de ouvir.
- Acho melhor não comentar nada. Mais tarde ninguém vai falar nada com nada mesmo, disse ele.
Lá pelas dez da noite o bar estava cheio e as piadas corriam soltas na mesa repleta de copos de chôpp. Osvaldo já estava mais louco do que de costume e os amigos começaram a desconfiar de que aquela noite seria incomum.
- Ô Jorge! Cê não acha que o Osvaldão ta um pouco diferente?
- Acho! Mas pra melhor né!? Vamos aproveitar e deixar o rapaz se divertir, respondeu Jorge com cara de satisfeito.
Era sempre o mesmo Osvaldo quem os controlava, dizendo qual era a hora de ir pra casa. Até àquele momento ele não havia dito nada.
Quando estourou meia-noite o pessoal já estava preocupado com o estado do Osvaldo que cantava as músicas bem alto e tentava dar em cima de uma rip que também já estava chapadona, ou pelo menos foi o que subjugaram, pois a mesma não apresentava reflexo algum quando o garanhão a cutucava.
- Você é do tipo calada não é? Não importa! Eu também não falo muito, prefiro a ação mesmo. Mas o que há com você? Por que você está de cabeça baixa aí, uma festa tão bacana como essa, deveríamos estar dançando. Anda vamos! disse ele pegando a moça pelo braço para dançar. – Anda vamos!
Foi quando a rapariga caiu no chão toda molhada e com o que parecia ser o jantar daquela noite todo impregnado na sua saia de rip.
Enquanto a socorriam, Osvaldo aproveitou para sair de fininho indo se esconder por alguns minutos no banheiro.
Uma da manhã e os companheiros do Ós - apelido criado naquela noite quando um dos amigos do desajeitado viu que a musiquinha do “Osvaldo é um bom companheiro” ficava melhor só com “o Os é um bom companheiro” - acharam melhor aproveitar a oportunidade e levá-lo logo ao bordel da cidade para finalizar a noite com chave de ouro. Não teriam outra oportunidade já que o Ós poderia não voltar a consentir com o estado alcoólico de todos.
Saíram andando e cantando em direção ao bordel, porém não contavam de estarem tão bêbados que não enxergavam direito.
- Acho que é aqui Mauro. Disse Jorge meio que forçando a vista tentando ler um letreiro colorido que piscava a sua frente.
- É. Deve ser, vamos logo entrar! respondeu Mauro sem nem ligar para qualquer detalhe do local.
Infelizes foram eles, pois não sabiam que ao invés de entrarem no local destinado entraram em uma casa de GLS que abrira há pouco tempo onde, em uma entrevista a uma rede de televisão local, os freqüentadores declaravam-se orgulhos por em fim a cidade estar evoluindo.
A noite ia se passando e os rapazes todos felizes e bêbados começaram a perceber que havia ali umas mulheres meio estranhas.
- Olha Jorge! exaltou Daniel apontando para uma das mulheres que acenava para eles com um sorrisinho ser vergonha no rosto. – Acho que está acenando pra você. Que azar, parece um homem! concluiu às gargalhadas.
Em pouco tempo eles haviam notado que as prostitutas haviam ficado um pouco maltratadas.
- Ei Mauro! Acho que essas primas daqui estão trabalhando de mais, olhe só como estão acabadas. Será que viemos ao lugar certo? indagou Daniel no mesmo momento em que chegou uma das moças para falar com eles.
- Oi rapazes! Meu nome é Tati. O que vai ser? - A turma animada percebeu que aquela era mais arrumada, embora a voz fosse um pouco grossa, e trataram de pedir uma dança para o camarada Ós.
- Esse meu amigo aqui está fazendo aniversário. O que você pode falar para ele? sugeriu Mauro.
- Posso fazer tudo, querido, disse a moça toda empolgada.
Ela estava usando um vestido e começou a dançar em cima da mesa na frente do Osvaldo que feliz da vida assistia sem piscar os olhos. Jamais havia presenciado algo como aquilo, porém conforme a moça se agachava ele notava algo estranho e resolveu desembaçar os olhos para ver melhor. Foi quando tomou um susto e levantou-se gritando: “É homem!”. No mesmo momento que levantou a moça tropeçou e caiu em cima dos rapazes que ainda não haviam entendido a situação.
- É um homem, eu tenho certeza, disse Osvaldo pálido.
Com o susto todos ficaram sóbrios como em um passe de mágica e mais assustados ficaram quando perceberam o travesti deitado em seus braços tentando esconder a prova de sua virilidade que agora estava amostra bem na frente do rosto surpreso de Daniel.
Quando caíram em si também se assustaram e a pobre moça mais uma vez rolou para o lado vazio do sofá. Olharam em volta e tudo ficou claro.
- Putz Mauro, não sabia que você curtia esses lugares, exclamou Jorge furioso. Logo Mauro tratou de se desculpar:
- Eu não sabia nem onde estávamos.
Naquela altura do campeonato a confusão estava armada. E todos em volta estavam assistindo o que acontecia, quando lá de trás veio um sujeito enorme denominado “Pé-de-Mesa”, pele negra e olhar de poucos amigos.
- O que está havendo aqui? perguntou o Pé-de-mesa com o olhar fixado em Mauro.
- Nada, respondeu o mesmo nervoso. – Só ocorreu um engano.
Neste momento interveio a moça lá no canto vazio do sofá enquanto se arrumava.
- Mesinha! Eles foram indelicados comigo.
Osvaldo todo suado olhava em volta tentando achar um lugar por onde correr, mas as outras pessoas não davam nenhuma brecha. Com o olhar do tal Pé-de-Mesa em cima de Mauro, era certo que no mínimo iriam levar uma surra.
Tudo parecia estar perdido quando uma luz se ascendeu e uma voz anunciou Carla Bernardette no palco. Todos que ali estavam ansiosos para ver o massacre ficaram com os olhinhos brilhando e correram como o vento para cima do palco. Lá permaneceram em delírios gritando o nome de Bernadetti e atirando flores por onde passava.
No outro dia no trabalho ninguém dava um pio, apenas os pensamentos de Osvaldo diziam para si mesmo: “Às vezes a rotina não é tão ruim assim!”.

Rodolfo Magno

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Sentimentos sem título...

Sou alvo desse sentimento chato
Que fisga este coração abobalhado
Com anzóis maldosamente envenenados
Só para diversão do teu ego sapeca e assombrado.

Retira o anzol deixando o sentimento
Com o qual este pobre peixinho no momento
Gostaria de ser honrado, premiado, afagado,
No teu retribuir ocultado
E ser amado, e assim demonstrar contentamento.

O lugar perfurado, envenenado e enganado,
Não é facilmente concertado ou curado
Pois onde jazia a calmaria da nova sentinela
Fora destruída trazendo de volta o falso sonho dela
E a feliz e infeliz esperança de ser mais amado.

Em um descuido já se calou minha razão
Pois é facilmente obtida deste coração
A satisfação e também o carinho
De um alegre vira-lata
Que se cansa de viver sozinho.


Rodolfo Magno