terça-feira, 30 de junho de 2009

Ah! Meu bom jornalismo...

Há muito, deuses pagãos de civilizações antigas decidiam a conduta do homem e seu destino. Hoje, após toda uma história de experiências humanas e grandes oportunidades para elevação da consciência, ainda somos acometidos por tais entidades, que agora agem nas sombras de um único ser divino: o sistema.

Esse senhor de barbas brancas sempre esteve aqui, entre todos. Onipresente, onipotente, "onidestrutivo", onívoro, ele vai modelando o mundo a sua maneira e formando um universo estadista com sua inteligência indiscutivelmente correta, segundo seus membros, tronco e cabeças.

Esse "todo-poderoso" parece atuar de forma plena no Brasil, em seu governo e Supremo Tribunal Federal (STF). O lema de sua política para este ingênuo país é: definhem a educação e seus assemelhados, continuem construindo a minha pirâmide social.

É o que se concretiza com a decisão mais recente dos ministros do STF, extinguindo a exigência do diploma para a profissão de jornalista.

Como se já não bastasse as picaretagens existentes nos diversos veículos de comunicação nacionais, agora essas mesmas emissoras poderão divulgar o que quiserem à sociedade pelo preço conveniente e para quem lhes for de interesse. Adeus minha querida ética, foi bom enquanto durou.

Nem mesmo se pode comparar o Brasil com outros países onde o diploma também não é requisito para a investidura na profissão, pois, com a educação jogada às traças, ainda temos muito que fazer pela consciência crítica e pela cidadania, cuja noção poucos identificam e sua força quase se apaga no coração de uma ilusória democracia.

Aqui em Roraima, passamos por uma situação assemelhada há poucos meses. O episódio Raposa Serra do Sol ainda assola os macuxís como os ventos gélidos de Cruviana. Uma infinidade de fatos relevantes para uma decisão mais apurada foi ignorada pelos ministros do STF, que, em suas gigantescas resenhas, cheias de trololós, optaram pela demarcação da reserva indígena continuamente, com algumas ressalvas para sua utilização. Quem ainda deu voz à sensatez foi o ministro Marco Aurélio, que pediu o cancelamento do processo para melhores averiguações, o que não ocorreu, pois uma andorinha só não faz verão. Sua voz também soou em defesa dos jornalistas nessa última etapa, no entanto, mais uma vez, apenas o eco de seu entendimento foi levado em consideração.

O que resta é continuar lutando e não deixar que os interesses da elite vençam os anseios da humanidade pela luz do conhecimento, adquirido com qualidade e ética. Que vergonhosas experiências, como as que acometeram a imprensa internacional na matança do Afeganistão, onde mentiras eram disseminadas pelos meios de comunicação para iludir o mundo inteiro, não encontrem mais espaço no interesse público. E, por último, que a educação brasileira não permaneça nas trevas da sacanagem e da loucura política, pois só assim deixaremos de ser um país emergente e encontraremos o justo reino do progresso e da evolução.

Agora, vou ali pegar uma bolsa de gelo, porque meu saco ainda tá doendo.

Nenhum comentário: